A criança aprende a falar naturalmente, mas aprender a ler e a escrever exige um ensino formal. No entanto, existe uma estreita relação entre a linguagem oral e a linguagem escrita, uma vez que para lermos transformamos as letras em sons e para escrevermos transformamos os sons da fala em letras.

Porém, para a criança conseguir fazer a conversão de letras em sons e de sons em letras, terá primeiro de conseguir refletir conscientemente sobre as sílabas e os sons que compõem as palavras faladas, nomeadamente identificá-las e manipulá-las, para depois as conseguir então transformar nas respetivas letras. Esta capacidade chama-se consciência fonológica.

A consciência fonológica é então a capacidade para refletir sobre os sons da língua, reconhecendo que a linguagem falada, que é um contínuo sonoro, se segmenta em unidades que podem ser manipuladas (isto é, as frases em palavras, as palavras em sílabas e as sílabas em sons). Os sons, por sua vez, serão depois representados por letras. Vários estudos confirmam inequivocamente que o desenvolvimento da consciência fonológica desempenha um papel primordial na aprendizagem da leitura e da escrita.

É um dos recursos cognitivos e um dos pré-requisitos mais importantes para a aprendizagem da leitura e da escrita, sendo um preditor de sucesso. Recomenda-se a sua estimulação, de modo preventivo, a partir dos 4 anos de idade.

Com base nestes pressupostos, em 2018, as Terapeutas da Fala Mónica Monteiro, Renata Ferraria e Tânia Santos criaram o Programa de Estimulação da Consciência Fonológica.

Este Programa tem como objetivo desenvolver competências de consciência fonológica fundamentais para a aprendizagem da leitura e da escrita.

Destina-se a crianças a frequentar o último ano do ensino pré-escolar ou o 1.º ano do 1.º ciclo do ensino básico, com ou sem dificuldades significativas ao nível do comportamento e/ou da linguagem associadas.

Integra 3 níveis, interdependentes, sendo que cada um inclui a realização de:

• Avaliação inicial individualmente a cada criança;
• Oito sessões de estimulação em pequeno grupo (com frequência semanal);
• Reavaliação individualmente a cada criança;
• Reunião com todos os pais e as três Terapeutas dinamizadoras desta edição, onde serão partilhados alguns momentos do grupo em cada sessão e entregues os resultados do Programa (evoluções pré e pós estimulação).

As sessões de estimulação, realizadas em pequeno grupo, têm um cariz essencialmente prático e lúdico, o que permite às crianças explorar e fazer uso dos conhecimentos através da interação com um meio envolvente enriquecedor.

Nestas sessões são utilizados métodos de intervenção explícitos, bem como estratégias multissensoriais, tendo em conta os objetivos específicos e cumulativos definidos, e são realizadas dinâmicas individuais, a pares e em grupo. No final de cada sessão, é enviado para o e-mail dos pais um resumo dos conteúdos trabalhados e algumas sugestões práticas.

Se reunidas as condições necessárias, é dinamizada uma nova edição do Programa em cada ano letivo, nas instalações do Consultório.