O que fazer?
a) Reconhecer precocemente
Normalmente, os pais tendem a procurar o médico quando a criança se queixa de dores no ouvido frequentemente ou apenas quando surgem dificuldades de aprendizagem escolar. Uma vez que a otite serosa surge de maneira insidiosa, ou seja, não causa dor e nem sempre é acompanhada de febre, torna-se difícil para os pais conseguirem identificar o problema na sua fase inicial.
Tal como foi referido anteriormente, os primeiros 4 anos de vida são críticos para o desenvolvimento da fala e da linguagem e, simultaneamente, correspondem ao período de maior ocorrência de otites médias. Embora esse tipo de otites, muitas das vezes, acabarem por melhorar espontaneamente, tendem a reincidir. Visto isto, a identificação destas perdas auditivas é muito importante, uma vez que, independentemente do tipo e do grau, irão comprometer a linguagem, a aprendizagem, o desenvolvimento cognitivo e psicoemocional e a inclusão social da criança. Vários autores referem mesmo que, quando não são diagnosticadas nem tratadas, dificilmente as alterações consequentes serão totalmente corrigidas.
Por estes motivos, é essencial a atenção e a colaboração dos pais para o rastreio precoce
e um tratamento rápido e atempado. Seguem possíveis sinais de alerta que uma criança com dificuldades auditivas, de grau leve
a moderado, decorrentes de otites serosas, pode apresentar:
- Falar muito alto;
- Ouvir a televisão com o volume elevado;
- Não olhar quando a chamam ou quando falam com ela, principalmente em ambientes ruidosos (ex.: televisão/telefone a tocar);
- Pedir frequentemente para se repetir (“ah?”, “o quê?”);
- Revelar um atraso no desenvolvimento da linguagem;
- Trocar de forma persistente sons ao falar (erros articulatórios);
- Revelar dificuldades escolares (compreensão leitora; expressão escrita);
- Estar constantemente desconcentrada, com pouca atenção e/ou distraída;
- Apresentar alterações em termos de comportamento social (ex.: isolamento);
- Ter uma respiração predominantemente oral (pela boca);
- Apresentar rouquidão persistente.
b) Recorrer a Profissionais de Saúde
Uma vez identificada uma otite média, a criança deverá ser acompanhada por um otorrinolaringologista, o qual irá decidir o tratamento específico a realizar (ex.: medicação, cirurgia). Através desse, normalmente a audição restabelece-se e a linguagem melhora significativamente.
No entanto, é necessário estar atento ao facto de se manterem ou não as dificuldades na produção dos sons. Em caso afirmativo, a criança deverá realizar uma avaliação auditiva, da linguagem e do processamento auditivo para se confirmar se superou as suas dificuldades (Otorrinolaringologia e Terapia da Fala). Em alguns casos, poderá vir a ser necessário acompanhamento em Terapia da Fala, de modo a desenvolver e a otimizar as suas capacidades auditivas e linguísticas. O papel dos pais é também crucial para ajudar a recuperar o tempo perdido.