Blog Layout

Terapia de Casal - Amor e Desamor no Casal
Sandra Gouveia Simões, Psicóloga Clínica,Terapeuta Familiar e de Casal no Espaço Crescer • 25 de novembro de 2020

Cada um de nós não se casa consigo próprio, casa-se com alguém com uma história diferente e que, perante os acontecimentos da vida, reage de forma única”, diz-nos José Gameiro. O Nós de cada casal reflete a forma como contam a sua história, a sua narrativa sobre os acontecimentos de vida, não obstante as suas diferenças e semelhanças, assim como, a individualidade de cada um, suas heranças familiares, expetativas e sonhos.


Mas se nesta história que começa com amor, surgem adversidades?


Na realidade, o conflito e a crise acompanham o casal em várias fases e ciclos da sua vida. Mas é a forma como lidamos com ele que altera como o casal conta a sua história. A crise pode ser uma oportunidade de crescimento enquanto casal.
Porém, quando a história se rigidifica, erguem-se muros vividos como intransponíveis, geradores de grande sofrimento para ambos: “Estou cansado(a)…”, “é como bater a uma porta que está sempre fechada”, “parece que já não existo para ele(a)”, “não sei bem o que nos aconteceu… perdemos algo pelo caminho”. A flexibilidade e a aceitação recíproca do valor do outro tornam-se de grande importância no viver a dois e na construção do seu projeto comum enquanto casal.

Viver a dois... entre o amor e o desamor

O amor complexo, implica uma dimensão relacional e nutritiva, comportando componentes cognitivas, emocionais e pragmáticas, nomeadamente, o que pensamos, sentimos e o que fazemos em relação a ser amados, conforme nos descreve Juan Linares. Sendo o tempo um fator determinante, pode o estado amoroso, evoluir positivamente (amor) ou negativamente (desamor), com grande intensidade.

 

Na dimensão cognitiva do amor, surge o reconhecimento do outro na sua individualidade, assim como, a sua valorização. Inversamente, o desamor, pode conduzir a desconfirmação da existência do outro e a desqualificação, que se revê no criticismo de que muitos casais são alvo, trazendo mágoa a ambos. Esta crítica sistemática é considerado por muitos autores, um dos fatores mais corrosivos para o bem estar da relação de casal.


Numa dimensão emocional, o autor sugere a afeição e a ternura, a implicação emocional, dando lugar à paixão, esta que conhecemos como inspiração de histórias, poesia e melodias que atravessam os tempos. É na fase de enamoramento que a paixão ganha maior intensidade, dando lugar a olhares que se cruzam e se elegem mutuamente.

Quando a afeição desvanece, pode ceder lugar a tédio e irritação, ou mesmo raiva, ódio e desprezo, com confrontação e luta pelo poder na relação de casal, conduzindo frequentemente a um conflito mais agravado e eventual ruptura.


Finalmente, o ingrediente mais pragmático, o desejo, a atração e a procura de obtenção do prazer e do sexo. O sexo, importa salientar, na sua dimensão relacional, enquanto expressão do casal do “fazer amor”, sendo as dificuldades neste âmbito, uma das queixas mais presentes na consulta de casal. Efetivamente, o casal confronta-se com uma lista de exigências familiares e profissionais, que dificultam imensamente o encontro íntimo, acrescido à forma como a intimidade e o desejo sexual são vividas por cada elemento do casal.

Quando surge a terapia de casal?


O casal deseja recontar a sua história única, em que ambos sejam parceiros num caminho de proximidade e intimidade afetiva, com maior felicidade. No espaço terapêutico ensaiam outras formas de comunicar e expressar o que pensam, sentem e vivem, dando lugar a uma conjugalidade mais criativa e alimentada de possibilidades.



As dificuldades de comunicação potenciam a rigidez que o casal vivencia, deixando o desamparo, desespero e o desamor, num lugar onde outrora viveram a confirmação do amor e a esperança de sonhos em comum. O enfoque da terapia visa a possibilidade do casal se tornar a melhor equipa de si mesmo! Comunicar com o outro, não para o outro, podendo expressar os seus pensamentos e sentimentos, expetativas, sentindo-se aliados e não concorrentes.

Tornando mais possível o Nós...


Como refere Virginia Satir, “todo o par tem três partes: tu, eu e nós, ou seja, duas pessoas, três partes, cada uma delas significativa, cada uma delas com vida própria, em que cada parte torna mais possível a outra. Deste modo, eu torno-te mais possível a ti, tu tornas-me mais possível a mim, eu torno mais possível a nós, tu tornas mais possível a nós e, juntos, nós tornamos mais possível um e outro”.

Bibliografia

 

  • Campo, C., Linares, J. (2002). O que significa ser um casal. Editora Planeta.
  • Gameiro, J. (2011). Até que o amor nos separe. Edições Matéria Prima.
Exemplos de pesquisa: #psicologia, #terapiadafala, ansiedade, voz
Por Patrícia Primo, Terapeuta da Fala no Espaço Crescer 4 de dezembro de 2024
 “Se perdesse todas as minhas capacidades, todas elas menos uma, escolheria ficar com a capacidade de comunicar porque com ela depressa recuperaria tudo o resto” Daniel Webster
Por Zelia Fernandes 9 de outubro de 2024
Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) provoca alterações na pessoa que sofreu o problema, mas também nas dinâmicas familiares e profissionais. A linguagem oral, escrita e não verbal ficam frequentemente afetadas após este episódio.
Por Patrícia Primo, Terapeuta da Fala no Espaço Crescer 17 de abril de 2024
De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais 5ª Edição (DSM-5), a Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) é uma alteração do neurodesenvolvimento, caracterizada por défices na interação social e capacidade comunicacional, pela ocorrência de comportamentos repetitivos e estereotipados e pela presença de interesses restritos (Khaledi et al., 2022; Mohammed, 2023; Posar & Visconti, 2017). O ser humano interage com o meio envolvente desde o seu nascimento, através de uma rede complexa de recetores que enviam constantemente informações ao sistema nervoso central que, consequentemente, geram uma determinada reação (Vives-Vilarroig et al., 2022). Estas informações são captadas através dos diferentes sentidos, uma vez que são estes que moldam as diferentes sensações e as transmitem, possibilitando ao ser humano a compreensão do que o rodeia e a formulação de diferentes conceções (Silva, 2014). Vários estudos têm evidenciado que crianças com PEA percecionam os estímulos ambientais de diferente forma, presenciando dificuldades na adequada resposta ao meio ambiente (Silva, 2014).
Ver Mais
Share by: