Cada um de nós não se casa consigo próprio, casa-se com alguém com uma história diferente e que, perante os acontecimentos da vida, reage de forma única”, diz-nos José Gameiro. O Nós de cada casal reflete a forma como contam a sua história, a sua narrativa sobre os acontecimentos de vida, não obstante as suas diferenças e semelhanças, assim como, a individualidade de cada um, suas heranças familiares, expetativas e sonhos.
Mas se nesta história que começa com amor, surgem adversidades?
Na realidade, o conflito e a crise acompanham o casal em várias fases e ciclos da sua vida. Mas é a forma como lidamos com ele que altera como o casal conta a sua história. A crise pode ser uma oportunidade de crescimento enquanto casal.
Porém, quando a história se rigidifica, erguem-se muros vividos como intransponíveis, geradores de grande sofrimento para ambos: “Estou cansado(a)…”, “é como bater a uma porta que está sempre fechada”, “parece que já não existo para ele(a)”, “não sei bem o que nos aconteceu… perdemos algo pelo caminho”. A flexibilidade e a aceitação recíproca do valor do outro tornam-se de grande importância no viver a dois e na construção do seu projeto comum enquanto casal.
Viver a dois... entre o amor e o desamor
O amor complexo, implica uma dimensão relacional e nutritiva, comportando componentes cognitivas, emocionais e pragmáticas, nomeadamente, o que pensamos, sentimos e o que fazemos em relação a ser amados, conforme nos descreve Juan Linares. Sendo o tempo um fator determinante, pode o estado amoroso, evoluir positivamente (amor) ou negativamente (desamor), com grande intensidade.
Na dimensão cognitiva do amor, surge o reconhecimento do outro na sua individualidade, assim como, a sua valorização. Inversamente, o desamor, pode conduzir a desconfirmação da existência do outro e a desqualificação, que se revê no criticismo de que muitos casais são alvo, trazendo mágoa a ambos. Esta crítica sistemática é considerado por muitos autores, um dos fatores mais corrosivos para o bem estar da relação de casal.
Numa dimensão emocional, o autor sugere a afeição e a ternura, a implicação emocional, dando lugar à paixão, esta que conhecemos como inspiração de histórias, poesia e melodias que atravessam os tempos. É na fase de enamoramento que a paixão ganha maior intensidade, dando lugar a olhares que se cruzam e se elegem mutuamente.
Quando a afeição desvanece, pode ceder lugar a tédio e irritação, ou mesmo raiva, ódio e desprezo, com confrontação e luta pelo poder na relação de casal, conduzindo frequentemente a um conflito mais agravado e eventual ruptura.
Finalmente, o ingrediente mais pragmático, o desejo, a atração e a procura de obtenção do prazer e do sexo. O sexo, importa salientar, na sua dimensão relacional, enquanto expressão do casal do “fazer amor”, sendo as dificuldades neste âmbito, uma das queixas mais presentes na consulta de casal. Efetivamente, o casal confronta-se com uma lista de exigências familiares e profissionais, que dificultam imensamente o encontro íntimo, acrescido à forma como a intimidade e o desejo sexual são vividas por cada elemento do casal.
Quando surge a terapia de casal?
O casal deseja recontar a sua história única, em que ambos sejam parceiros num caminho de proximidade e intimidade afetiva, com maior felicidade. No espaço terapêutico ensaiam outras formas de comunicar e expressar o que pensam, sentem e vivem, dando lugar a uma conjugalidade mais criativa e alimentada de possibilidades.
As dificuldades de comunicação potenciam a rigidez que o casal vivencia, deixando o desamparo, desespero e o desamor, num lugar onde outrora viveram a confirmação do amor e a esperança de sonhos em comum. O enfoque da terapia visa a possibilidade do casal se tornar a melhor equipa de si mesmo! Comunicar com o outro, não para o outro, podendo expressar os seus pensamentos e sentimentos, expetativas, sentindo-se aliados e não concorrentes.
Tornando mais possível o Nós...
Como refere Virginia Satir, “todo o par tem três partes: tu, eu e nós, ou seja, duas pessoas, três partes, cada uma delas significativa, cada uma delas com vida própria, em que cada parte torna mais possível a outra. Deste modo, eu torno-te mais possível a ti, tu tornas-me mais possível a mim, eu torno mais possível a nós, tu tornas mais possível a nós e, juntos, nós tornamos mais possível um e outro”.
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