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Como gerir a Ansiedade em tempos de Isolamento Social?
Sara Loios, Psicóloga Clínica no Espaço Crescer • 9 de abril de 2020
Perante a situação de pandemia que vivemos, o facto de estarmos em isolamento social, o desconhecimento que temos sobre o coronavírus e sobre o futuro, é perfeitamente natural que nos sintamos ansiosos, com medo, preocupados, angustiados, aborrecidos, tristes, com uma sensação de impotência e de falta de controlo sobre tudo o que se está a passar à nossa volta.

É expectável que possa sentir um misto de emoções e sensações, pois a ansiedade pode fazer-se sentir de diversas formas:


Cansaço, dificuldades em respirar, dificuldades em dormir, coração acelerado, entre tantas outras. Saber dizer a nós próprios que todas estas emoções são normativas, que estes sentimentos embora desagradáveis não trazem apenas desconforto, mas que também desempenham uma função no nosso dia-a-dia que é proteger-nos, torna-se essencial para a sua gestão. Mas como? Vejamos, quando nos sentimos em estado de alerta ou ameaçados ficamos mais vigilantes e portanto mais disponíveis para adotar comportamentos de proteção, o que nos permite adaptar à situação de modo a promover a nossa segurança e também a dos outros, tornamo-nos resilientes.


Sabemos, porém, que existem determinadas situações que podem não ser fáceis de gerir, situações em que se sente dominada pelo stress, incapacitada de realizar as atividades do dia-a-dia, sentindo-se assoberbada com toda esta situação. É nestes momentos que se torna essencial sabermos como gerir as nossas emoções, como usar as ferramentas que todos temos dentro de nós, os nossos recursos, pois quando compreendemos aquilo que pensamos e aquilo que sentimos, mais facilmente conseguimos gerir as nossas emoções e portanto tranquilizarmo-nos.

Comecemos pela perceção que fazemos da situação, da forma como olhamos e pensamos sobre aquilo que está a acontecer à nossa volta. A interpretação dos eventos e, por conseguinte, o nosso pensamento acerca deles influencia diretamente a forma como me sinto, ou seja, tem a capacidade de gerar dentro de mim determinadas emoções e sentimentos. E embora exista uma tendência para deixarmos que os nossos medos nos levem a focar nas coisas que podem correr mal, quando temos a consciência de que temos a capacidade de alterar esse pensamento, de transformar o nosso estado emocional, mantendo uma atitude positiva, permitir-nos-á desenvolver uma nova forma de olhar e, portanto, de encontrar benefícios no meio do caos, como por exemplo, ter tempo para fazer algumas das coisas para as quais geralmente não tem tempo. Lembre-se que tal como lidou com outras situações difíceis no passado, também será capaz de lidar com esta.

A forma como respiramos tem também um grande impacto no nosso corpo. Quando estamos irritados ou ansiosos, tendemos a respirar de forma rápida e superficial, o que faz com que estas emoções se mantenham presentes no nosso corpo. Se aprendermos a respirar, é possível diminuir essas emoções e consequentes reações desagradáveis sentidas ao nível do corpo.


Como usar a ansiedade a nosso favor?

  • Saber reconhecer e dizer a nós próprios que sentir ansiedade não significa ser fraco ou inferior aos outros. Todos sentimos ansiedade em diversos momentos da nossa vida e em momentos de crise, como este, é perfeitamente normal sentirmo-nos ansiosos;
  • Não devemos sentir vergonha ou culpa por sentir ansiedade. Não se autocritique, não se julgue de forma negativa. A ansiedade é um sentimento expectável neste situação. Depende de nós a forma como a queremos gerir;
  • Dizer a nós próprios que esta é uma situação temporária. Não vai durar para sempre. E lembre-se que são as situações que nos fazem sair da zona de conforto que nos permitem evoluir, crescer, ficarmos mais fortes e resilientes.

E no caso das crianças?


Uma situação de isolamento pode ser particularmente difícil para as crianças pequenas, assim como para os Pais de crianças pequenas. As crianças podem sentir-se tristes, ansiosas, com medo, confusas com a alteração das rotinas diárias e com saudades dos amigos. Podem fazer mais “birras” e mostrar-se mais dependentes, irritáveis e terem dificuldade em adormecer.

Caso esteja a viver esta situação:
  • Valide os sentimentos que o seu filho possa estar a sentir e encoraje uma atitude positiva. Seja compreensivo e paciente. Tenha em conta que as crianças modelam os adultos à sua volta, tenha em atenção o seu próprio comportamento, seja congruente: o seu filho apenas terá uma atitude positiva se os adultos à sua volta também a tiverem.
  • Dê-lhes oportunidade para expressarem os seus sentimentos e receios. Explique-lhes o que se passa e tranquilize-as utilizando linguagem apropriada à idade. Pode utilizar alguns recursos como livros infantis, aproveitando este momento para trabalhar as emoções com o seu filho.
  • Transmita esperança e segurança. As crianças podem ficar facilmente perturbadas pelo que ouvem ou veem na televisão. Limite a sua exposição a notícias que as possam perturbar. Mantenham as vossas rotinas dentro do possível, nomeadamente a hora de levantar, das refeições e de ir dormir. Façam uma lista das tarefas que gostavam de fazer durante o dia. Organizar e planear permite-nos ter alguma sensação de controlo.
Acima de tudo, não se esqueça de cuidar de si próprio. Assegure que tem algum tempo só para si durante o dia. Cuidar de si permite-lhe cuidar dos outros. Recorde-se que vai tudo ficar bem e que esta é apenas uma situação temporária. 

Quando reagimos à ansiedade ainda com mais ansiedade, a situação pode tornar-se patológica. Se este for o seu caso, procure ajuda.Não tenha vergonha de pedir ajuda se se sentir preocupada ou sobrecarregada. Esteja atenta a sintomas e sinais que o seu corpo lhe vai dando, tais como irritabilidade, pensamentos negativos, tristeza prolongada ou insónias. Reconheça as suas dificuldades, peça ajuda, não está sozinho. Estamos cá para a ajudar.


Embora neste momento não possamos encontrar-nos presencialmente, continuamos disponíveis para prestar os nossos serviços utilizando os meios de comunicação à distância:

  • Consultas de Psicoterapia Individual;
  • Consultas de Gestão Emocional – Como regular a Ansiedade;
  • Consultas de Aconselhamento Parental.

Fale Connosco, podemos ajudar.

Fonte:Ordem dos Psicólogos Portugueses
Exemplos de pesquisa: #psicologia, #terapiadafala, ansiedade, voz
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