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Será que... a rouquidão é normal?
Mónica Monteiro, Terapeuta da Fala no Espaço Crescer • 12 de abril de 2019

O que é a voz? Qual a sua importância?

A voz trata-se de um som produzido pela passagem do ar pelas pregas vocais e modificado nas cavidades de ressonância (faringe, cavidade bucal, cavidade nasal e seios perinasais) e órgãos articulatórios.

A voz, para além de ser um dos principais veículos de comunicação, é o nosso traço mais marcante, o nosso cartão-de-visita, capaz de nos distinguir e de nos identificar, revelando a nossa personalidade e o nosso estado emocional. Deste modo, qualquer que seja a alteração que ocorra ao nível da voz, torna-se quase como uma despersonalização da própria pessoa, pois esta é considerada parte da identidade pessoal de cada um de nós.

Sinais de alerta (crianças e adultos)

Os problemas de voz têm por diversas vezes um carácter ocasional, o que leva a que não se lhes dê a devida importância. Todos nós, muitas vezes de forma inconsciente, utilizamos a voz de forma incorreta e abusiva, começando por desenvolver rouquidão, esforço e cansaço ao falar. Com a persistência destes comportamentos, em muitos dos casos, desenvolvem-se patologias na estrutura das pregas vocais, que poderão requerer intervenção cirúrgica e/ou intervenção em Terapia da Fala. O mesmo pode acontecer em crianças que realizam com frequência comportamentos de abuso vocal (ex.: gritar).

Seguem alguns sinais de alerta:


  • Rouquidão persistente (> 2 semanas);
  • Momentos de afonia (perda de voz);
  • Tosse e pigarreio (“limpar a garganta”) frequentes;
  • Cansaço e/ou esforço para falar;
  • Dores persistentes na garganta;
  • Sensação de garganta e boca seca;
  • Pouca projeção vocal.

Se um dos sintomas acima persistir por mais de 15 dias procure um médico Otorrinolaringologista e/ou um Terapeuta da Fala.

 

Cuidados a ter com a voz

As consequências que poderão advir de uma alteração vocal são inúmeras e somente quem passa por isso é capaz de explicar a angústia e frustração que isso implica.

Deste modo, há que reforçar que uma das melhores formas de prevenir alterações da qualidade vocal passa pela consciencialização daquilo que não se deve fazer, tendo assim a capacidade de alterar os comportamentos nocivos à nossa saúde vocal. Neste sentido, existem alguns cuidados e procedimentos que podem ser feitos para que se tenha uma voz mais saudável.


Comportamentos que deve evitar, pois prejudicam a voz:

  • Gritar ou falar muito alto;
  • Falar excessivamente;
  • Alterações bruscas de voz;
  • Comer alimentos ácidos, fritos e/ou muito condimentos, pois estes favorecem o refluxo gastroesofágico;
  • Ingerir líquidos demasiado quentes ou frios;
  • Fumar e/ou estar exposto a ambientes com fumo;
  • Falar em ambientes secos (ex.: ar condicionado), empoeirados ou ruidosos;
  • Beber bebidas alcoólicas e cafeína em excesso;
  • Falar muito quando está com gripe ou com crise alérgica;
  • Submeter‐se a mudanças bruscas de temperatura.


Comportamentos que deve praticar, pois protegem a voz:

  • Fazer uma alimentação saudável e equilibrada;
  • Beber muita água;
  • Praticar exercício físico;
  • Dormir bem (cerca de 8h/noite);
  • Fazer pausas ao longo do dia para repousar a voz;
  • Reforçar a ingestão de água na presença de ar condicionado ou ambientes secos.

Patologias da voz mais frequentes

As alterações da voz podem ocorrer em qualquer fase da vida, podendo causar transtornos que afetam diretamente as relações no trabalho, na escola e na vida familiar e social. De entre as diversas alterações vocais, destaca-se a disfonia (rouquidão). A disfonia pode ser orgânica ou funcional. A disfonia orgânica tem como consequência uma lesão nas pregas vocais devido a causas congénitas (ex.: lesões cerebrais, malformações…), inflamatórias (ex..: laringite) e/ou traumáticas (ex.: feridas, queimaduras…). No caso das disfonias funcionais não existe nenhuma alteração visível nas pregas vocais, sendo a disfonia causada pelo uso inadequado/abusivo da voz, inadaptações vocais e alterações psicogénicas (emoções intensas que causam alterações na voz, como por exemplo a raiva).

O tratamento das patologias vocais pode ser efetuado com Reabilitação Vocal em Terapia da Fala, medicação adequada, cirurgia ou uma combinação dos três, dependendo de vários fatores. Um diagnóstico atempado aumenta a probabilidade de resolução do problema sem necessidade de cirurgia.

Espaço Voz

O Consultório Espaço Crescer – Psicologia e Desenvolvimento integra o Espaço Voz, um espaço dedicado a uma das áreas de atuação da Terapia da Fala. Destina-se a adultos/crianças com patologia vocal e a pessoas que usam a voz como instrumento de trabalho (ex.: professores, educadores, cantores e tantos outros) e/ou que desejam desenvolver e otimizar as suas capacidades oratórias. No Espaço Voz estão disponíveis:

  • Rastreios de voz gratuitos
  • Sessões de terapia vocal (para casos de adultos/crianças em que existe uma patologia vocal);
  • Sessões de treino vocal (com o objetivo de desenvolver e otimizar as capacidades vocais e comunicacionais, especialmente para pessoas que utilizam a voz como instrumento de trabalho, como por exemplo, professores, educadores e cantores);
  • Sessões de sensibilização/workshops na área da voz.

A VOZ faz parte da sua identidade, cuide-a!

Exemplos de pesquisa: #psicologia, #terapiadafala, ansiedade, voz
Por Patrícia Primo, Terapeuta da Fala no Espaço Crescer 4 de dezembro de 2024
 “Se perdesse todas as minhas capacidades, todas elas menos uma, escolheria ficar com a capacidade de comunicar porque com ela depressa recuperaria tudo o resto” Daniel Webster
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Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) provoca alterações na pessoa que sofreu o problema, mas também nas dinâmicas familiares e profissionais. A linguagem oral, escrita e não verbal ficam frequentemente afetadas após este episódio.
Por Patrícia Primo, Terapeuta da Fala no Espaço Crescer 17 de abril de 2024
De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais 5ª Edição (DSM-5), a Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) é uma alteração do neurodesenvolvimento, caracterizada por défices na interação social e capacidade comunicacional, pela ocorrência de comportamentos repetitivos e estereotipados e pela presença de interesses restritos (Khaledi et al., 2022; Mohammed, 2023; Posar & Visconti, 2017). O ser humano interage com o meio envolvente desde o seu nascimento, através de uma rede complexa de recetores que enviam constantemente informações ao sistema nervoso central que, consequentemente, geram uma determinada reação (Vives-Vilarroig et al., 2022). Estas informações são captadas através dos diferentes sentidos, uma vez que são estes que moldam as diferentes sensações e as transmitem, possibilitando ao ser humano a compreensão do que o rodeia e a formulação de diferentes conceções (Silva, 2014). Vários estudos têm evidenciado que crianças com PEA percecionam os estímulos ambientais de diferente forma, presenciando dificuldades na adequada resposta ao meio ambiente (Silva, 2014).
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