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Será que... é Dislexia?
Renata Ferraria, Terapeuta da Fala no Espaço Crescer • 7 de fevereiro de 2019

As dificuldades de leitura e escrita, nomeadamente a Dislexia, têm vindo a ser muito investigadas por vários profissionais de saúde e educação. Na presente newsletter, trataremos a Dislexia por “tu”, considerando o olhar de uma Terapeuta da Fala, com formação e especialização na área.

Dislexia: Quem és tu?

A Dislexia é uma Perturbação da Aprendizagem Específica (DSM-V), com défice na leitura e, por vezes, também na escrita. Pode afetar a escrita ortográfica e/ou caligráfica e, geralmente, carateriza-se por dificuldades ao nível do processamento fonológico e/ou visual. Estas dificuldades são discrepantes face à educação convencional, ao potencial intelectual e às oportunidades socioculturais da criança. Nestes casos, não existem também alterações emocionais significativas ou perdas auditiva/visuais.

Ler de forma precisa e fluente e, especialmente, compreender o que se lê é mesmo um enorme desafio para crianças com Dislexia.

Dislexia: De onde TU vens?

A Dislexia tem uma etiologia multifatorial, podendo advir de alterações genéticas, neurológicas e/ou neurocognitivas. Recentemente, foi identificado um conjunto de cromossomas e genes associados à Dislexia, assim como alterações na funcionalidade das áreas corticais responsáveis pela leitura em crianças com Dislexia.

Dislexia: Como é que TU te manifestas?

Em idade pré-escolar:

  • Atraso no desenvolvimento da linguagem (ex.: começar a falar ou a produzir frases mais tarde do que o esperado);
  • Dificuldades ao nível da fala que se prolongaram para além da normalidade (ex.: omissões/trocas de sons; “falar à bebé”);
  • Dificuldade em memorizar e acompanhar canções infantis e lengalengas;
  • Dificuldade em tarefas de consciência fonológica (ex.: rimas, divisão silábica).

Em idade escolar:

  • Atraso na aprendizagem e/ou automatização das competências de leitura/escrita;
  • Leitura hesitante, pausada e imprecisa;
  • Dificuldades em compreender o que lê;
  • Escrita com muito erros fonológicos (com sons semelhantes, como por exemplo: v/f, nh/lh, t/d), visuo-espaciais (com grafia semelhante, como por exemplo: p/q, b/d) ou ortográficos (memorização das regras);
  • Dificuldade na escrita de frases e na organização das ideias no texto;
  • Baixo rendimento escolar.

Dislexia: Que prevalência tens TU?

Estima-se que a Dislexia afeta 5 a 10% das crianças em idade escolar. É, portanto, um problema escolar grave, atual e frequente, para o qual todas as famílias e todos os profissionais de saúde e educação deverão estar consciencializados.

Dislexia: Que impacto Tu tens?

As competências de leitura e escrita são uma base fundamental para todas as restantes aprendizagens. Desta forma, uma criança com dificuldades a este nível, inevitavelmente, apresentará lacunas em todas as disciplinas, variáveis consoante o nível de gravidade. A Dislexia revela-se então um obstáculo severo para a aprendizagem e o sucesso escolar.

A par, a Dislexia tende também a acarretar consequências negativas e significativas no comportamento e no desenvolvimento emocional da criança. Evidenciam-se, com frequência, sentimentos de tristeza, ansiedade, vergonha, insegurança, incapacidade, inferioridade, frustração e baixa autoestima. Surge também o desinteresse e a desmotivação pela aprendizagem e, por vezes, a resistência em ir à escola, comportamentos de oposição/desobediência perante a autoridade, perturbações do sono, enurese noturna, entre outros.

Dislexia: Como e quando é que TU deves ser avaliada e diagnosticada?


O processo de avaliação na Dislexia é um processo complexo que requer uma equipa multidisciplinar, experiente e especializada na área, composta por um Psicólogo Clínico e um Terapeuta da Fala, para que se possa identificar a natureza das dificuldades existentes e, assim, realizar o diagnóstico diferencial.


O diagnóstico formal apenas poderá ser concluído a partir do final do 2º ano de escolaridade e dos 8 anos de idade, altura em que finda o processo de maturação neurológica e a nível escolar são dadas todas as regras ortográficas.

No entanto, as dificuldades de leitura e/ou escrita deverão ser valorizadas e exploradas assim que identificadas. Mesmo com o diagnóstico pendente, a intervenção deve iniciar-se o mais precocemente possível, no sentido de melhorar o prognóstico.

Casos de jovens e adultos, não sinalizados anteriormente, que manifestem sinais de alerta, também poderão realizar a Avaliação, em qualquer momento.

O consultório Espaço Crescer – Psicologia e Desenvolvimento integra o Espaço Dislexia, um espaço dedicado a esta perturbação, no qual se poderá realizar uma Avaliação para Despiste de Dislexia. Contacte-nos para mais informações.

Dislexia: Como deves ser TU intervencionada?

A intervenção deverá ser realizada por um Terapeuta da Fala com formação e especialização na área. Com base nos resultados da avaliação, é delineado um plano de intervenção específico, o qual é explicado a todos os membros envolvidos no processo (criança, família e escola). As sessões de intervenção têm como objetivo reeducar, desenvolver e otimizar as áreas lacunares, com recurso a metodologias e estratégias facilitadoras. Geralmente o processo é longo e, especialmente no início, requer sessões frequentes (2 vezes por semana), embora dependa da gravidade de cada caso. A par, em equipa, são ponderadas as medidas de apoio mais adequadas à criança.

Dislexia: Que prognóstico TU tens?

As dificuldades decorrentes da Dislexia são permanentes/crónicas. Podem melhorar significativamente se a intervenção for atempada e regular, mas a criança não conseguirá superar as suas dificuldades totalmente. Estudos indicam que “com uma intervenção precoce e adequada consegue-se ultrapassar cerca de 90% das dificuldades, mas quando adiamos a intervenção, esta percentagem diminui notoriamente”. Mais tarde, na adolescência e na idade adulta, a intervenção também é concretizável, mas o prognóstico é mais reservado.

Dislexia: TU sabias que… existem vários famosos disléxicos?


Thomas Edison, Beethoven, Albert Einstein, Leonardo da Vinci, Walt Disney, Van Gogh, Tom Cruise, Mozart, Bill Gates…


A Dislexia não tem de definir o futuro de ninguém!

Esteja atento aos SINAIS DE ALERTA. Procure ajuda especializada!

Uma identificação e intervenção precoces trarão benefícios cruciais à vida da criança.

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De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais 5ª Edição (DSM-5), a Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) é uma alteração do neurodesenvolvimento, caracterizada por défices na interação social e capacidade comunicacional, pela ocorrência de comportamentos repetitivos e estereotipados e pela presença de interesses restritos (Khaledi et al., 2022; Mohammed, 2023; Posar & Visconti, 2017). O ser humano interage com o meio envolvente desde o seu nascimento, através de uma rede complexa de recetores que enviam constantemente informações ao sistema nervoso central que, consequentemente, geram uma determinada reação (Vives-Vilarroig et al., 2022). Estas informações são captadas através dos diferentes sentidos, uma vez que são estes que moldam as diferentes sensações e as transmitem, possibilitando ao ser humano a compreensão do que o rodeia e a formulação de diferentes conceções (Silva, 2014). Vários estudos têm evidenciado que crianças com PEA percecionam os estímulos ambientais de diferente forma, presenciando dificuldades na adequada resposta ao meio ambiente (Silva, 2014).
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